Flávia Mello
4 min readOct 5, 2023

A beleza da diferença nas pessoas

Imagem Ilustrativa: As peças são diferentes mas juntas se encaixam e ganham uma forma.

Você lembra do período de escola em que na sua sala de aula tinha de 20 a 30 alunos e 1 professor, que muitas vezes ensinava a matéria utilizando a mesma abordagem, método e ritmo para todos os alunos igualmente?

A palavra “igualdade” só de ser dita/lida/ouvida já desperta um sentimento na gente. Acontece que, apesar dessa ideia de tratar todos igualmente parecer boa, na prática, muitos alunos que possuíam ou possuem algum atraso cognitivo, na aprendizagem ou alguma dificuldade em uma matéria (em detrimento das outras), acabava ficando pra trás, porque ele não tinha espaço para se manifestar e receber uma ajuda especializada.

Como eu falei no meu texto anterior aqui no Medium, não vou e nem pretendo crucificar nenhum professor que tenha feito isso, a maioria das coisas que sabemos ou experimentamos hoje no nosso dia a dia, não eram conhecidos ou não existiam há 300 anos ou mais. Claro que dar aulas é algo extremamente antigo, mas, entender melhor sobre como fazer isso, é algo recente.

Então, voltando ao tema central desse texto, acontece o mesmo em ambiente de trabalho, na faculdade e até em relações pessoais/sociais.

Agora vou falar não apenas das dificuldades, mas da simples diferença de ser e agir que temos uns dos outros.

Entender sobre temperamentos humanos, personalidades humanas e enxergar a pessoa na sua frente como um ser humano dotado de alma, não apenas matéria, não apenas um “aglomerado de células”, vai te ajudar a descobrir uma riqueza que existe nessa outra pessoinha e a beleza disso.

Eu tive a oportunidade de trabalhar com uma menina que é bem extrovertida, está frequentemente rindo, interagindo e contando alguma coisa divertida. E ela tem uma risada meio engraçada e diferente, muita gente revira os olhos quando a ouve rir e comentam entre si “Será que ela sabe que a risada dela é ridícula?” E eu fico pensando “Tá, pode ser meio esquisita mesmo a risada dela, mas, revirar os olhos por isso? Não gostar da garota por isso? É só o jeito dela de rir, só isso.”

Às vezes criamos problemas por motivos tão triviais e tolos.

Também trabalhei com uma pessoa bem séria, meio brava e quieta, mas muito eficiente, às vezes o jeito acelerada dessa pessoa me irritava, mas, eu comecei a aprender a lidar com isso da melhor forma possível, tentando prever o que ela falaria ou pediria, já antecipando e com isso, deixando ela mais calma e até porque eu via que ela é muito eficiente, então vale a pena estar perto de gente assim, você aprende com eles também em algum sentido.

Trabalhei com pessoas mais falantes, mais afetuosas e mais sociáveis. Eu sou mais quieta, então às vezes quando a pessoa que é falante por natureza vem perto de mim e fica falando na minha orelha sem eu querer (principalmente quando eu acabo de acordar), eu tento me afastar educamente e ir pra outro lugar, ao invés de tentar transformar essa pessoa em quem ela não é. Como eu disse, se eu preciso estudar e alguém fica falando, vou pedir sim pra pessoa ficar em silêncio. Estou falando de uma situação geral sem agravantes.

Mas, não preciso ficar brigando toda vez que isso acontece ou tentando mudar essa pessoa.

Ora, alguns se incomodam com a forma diferente de ser das pessoas e é claro que tudo tem limites, que mesmo quando você fala coisas boas ou engraçadas, tudo tem momento certo e fazer isso o tempo todo até perde a diversão e interesse. Espero que todos que leiam sejam adultos suficientes para entender isso.

Mas, o que quero dizer é que muitas vezes os próprios pais punem os filhos que são mais extrovertidos, dizendo “Tá vendo o Pedrinho? Ele é quieto!” sem entender que a personalidade dessa criança é ser extrovertida, que ela não é tão quieta por isso.

Claro que precisamos de silêncio de vez em quando e os pais tem total autoridade para pedir ao filho que ele faça silêncio, mas, existe uma forma de canalizar essa extroversão para alguma atividade ou pedir a quietude de um jeito educado e respeitando essa característica da personalidade da criança, sem querer censurá-la ou compará-la com algum amiguinho introvertido. Isso mata a essência do seu filho, de quem ele é.

E com amigos às vezes fazemos o mesmo “Ai, não gosto de fulano porque ele é sorridente demais” ou “Sentimental demais”, claro que há limites, N razões e algumas exceções são perdoáveis, ninguém tem que tolerar um insuportável, ok? Que fique bem claro isso! Rs

Mas, estou falando em não transformarmos todas as pessoas em um único modelo de ser humano, isso seria entediante, problemático e mataria — metaforicamente falando — muitas pessoas interessantes que poderíamos conhecer.

Afinal, nem nós somos o mesmo a vida toda, mudamos, até mesmo um rio muda com o tempo, como diz na frase abaixo:

“Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio…
pois na segunda vez o rio já não é o mesmo,
nem tão pouco o homem.”

Heráclito de Éfeso”

Obrigada pela leitura e até a próxima! ;)

Flávia Mello

Apaixonada pelo Conhecimento e obstinada pela Excelência.